Alan Beck
Tradução de Benedito Ferri de Barros
Entre a inocência da
infância
e a compostura da maturidade
há uma deliciosa
criatura chamada MENINO.
Embora se apresentem em
tamanhos,
pesos e cores sortidos, todos os meninos
têm o mesmo
credo; aproveitar cada segundo
de cada minuto de todas as horas
de
todos os dias e protestar ruidosamente...
O barulho é
sua única arma
quando seu último minuto é decretado
e os
adultos os empacotam e os metem na cama.
Meninos são
encontrados em todas as partes:
em cima de,
embaixo de,
dentro
de,
subindo em,
balançando-se no,
correndo em volta
de,
pulando...
As mães os adoram,
as meninas os
odeiam,
irmãos e irmãs mais velhos os suportam,
adultos os
ignoram,
o céu os protegem...
Um menino é a Verdade com o
rosto sujo,
a Beleza com um corte no dedo,
a Sabedoria com um
chiclete no cabelo,
a esperança do futuro com uma rã no
bolso...
Quando você está ocupado, um menino
é uma
conversa-fiada, intrometido e amolante.
Quando você deseja
que ele cause boa impressão,
seu cérebro vira geléia, ou ele se
transforma
em uma criatura sádica e selvagem empenhada
em
desmontar o mundo ao seu redor.
Um menino é um híbrido:
o
apetite de um cavalo,
a disposição de um engole-espadas,
a
energia de uma bomba atômica de bolso,
a curiosidade de um
gato,
os pulmões de um ditador,
a imaginação de um Júlio
Verne,
o retraimento de uma violeta,
o entusiasmo de um
bombeiro
- e quando se mete a fazer alguma coisa
é como se
tivesse cinco polegares em cada mão...
Gosta de
sorvete,
canivetes, serrotes,
pedaços de pau, bichos
grandes,
água (no seu "habitat" natural),
papai,
sábados, domingos e feriados,
mangueiras de água.
Não é
partidário de catecismo,
escolas, livros sem figuras,
lições
de musica, colarinhos,
barbeiros, meninas, agasalhos,
adultos e
"hora de dormir"...
Ninguém se levanta tão
cedo,
nem chega tão tarde para o jantar.
Ninguém se diverte
tanto com árvores, cachorroe e mosquitos.
Ninguém mais é capaz
de meter num único bolso
um canivete enferrujado,
uma maçã
comida pela metade,
um metro e meio de barbante,
um saco de
matéria plástica,
duas pastilhas de chiclete,
três notas de
um real,
um estilingue,
e um fragmento de "substância
ignorada".
Um menino é uma criatura mágica:
você
pode mantê-lo fora do seu escritório,
mas não pode expulsá-lo
de seu coração.
Pode pô-lo para
fora da sala de visitas,
mas não pode tirá-lo de sua
mente.
Queira, ou não, ele é seu captor,
seu carcereiro, seu
dono, seu patrão,
um cara sarapintado, um nanico,
um
mata-gatos, um pacote de encrencas...
Mas quando a noite você
chega em casa,
com suas esperanças e seus sonhos reduzidos a
pedaços,
ele possui a magia de soldá-los em um
segundo,
pronunciando duas palavras somente:
"Oi pai... Fala
mãe !!!"
Gostei é pouco... ameiiiiiiiiiiiiiiiiii...
ResponderExcluirRealmente quem convive ou conviveu com um menino sabe que é exatamente assim.
ResponderExcluirTem uma poema semelhante "O que é uma menina" que é lindo também, mas há muitos anos não o tenho.
ResponderExcluirEu amo tanto esse poema que fiz dele o tema da festinha de 4 anos do meu filho!
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