Os camaleões distinguem-se de outros lagartos pela
habilidade de algumas espécies em trocar de cor. Eu não sou como a fêmea do
camaleão, não uso disfarces, um para cada situação, mas bem que em determinadas
horas seria melhor agir assim, para o nosso bem e ‘de toda a santa igreja’.
A vida é cheia de labirintos e às vezes é preciso ser dissimulada para não
revelar sentimentos e emoções, mas infelizmente a vida não me instruiu para
isso também. Não aprendi a viver de falsete, de enganações. Falo de mim, dispo-me
de preconceitos e revelo todos os meus segredos, aqueles mais difíceis de serem
falados.
Não é fácil ser assim, sincera, afirmativa e sem disfarces e preconceitos. Já
tive muitas perdas na vida, elas me deram muito aprendizado e maturidade,mas
ainda é preciso muito mais.
Não quero aqui falar de sofrimento, para não me entristecer. O sofrimento e as
intempéries da vida nos fortalecem e nos torna pessoas melhores, menos
arrogantes.
Não sou infeliz, já passei dessa fase de viver reclamando da vida e achar que
tudo conspira contra. Hoje eu procuro ser feliz com o pouco que tenho, que já é
uma imensidão diante de tanta miséria no mundo.
Fernando Pessoa disse que “o poeta é um fingidor, finge tão completamente, que
chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”. No caso, a palavra conforta
e reconforta, pelo menos temos esse dom de expressar a dor e torná-la mais
amena.
Segundo Pessoa, "ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de
todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de
ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história".
E é isso que tenho tentado fazer, a partir das perdas que tive. Tomar o leme
desse barco é preciso, ser timoneira nessa estrada nem sempre reta e nem sempre
tortuosa e fazer dos sentimentos impossíveis e das adversidades uma bandeira de
luta.
Tem coisas na vida que a gente não pode mudar: sentimentos, emoções, realidade.
Esses a gente aceita e se conforta, sem conformismos, mas com maturidade e
discernimento do que é melhor para nós e para a nossa saúde e equilíbrio.
Há outras que a gente vai à luta, conquista e não pode se conformar como as
questões sociais e políticas. Foi isso que aprendi da vida; com muita luta as
mulheres conquistaram seus espaços na vida e essa não podemos abdicar.
Olívia de Cássia - Jornalista
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