Das Vantagens de Ser Bobo (Clarice Lispector)

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  O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea o...

O PALHAÇO (Emanuel Galvão)



Ele não era um palhaço,
Só queria ser feliz,
Fazendo outros felizes.
Queria sorrisos, só risos.
E quando ele via um ser triste,
Mudava seu jeito, era ator.
Ia ao encontro desta figura,
Dava um salto, uma cambalhota
Ou até mesmo uma flor.
A conseqüência do sorrir
Era a retribuição repleta.
Pois naquela criatura pura,
- Do riso quase um poeta -
Que pintava mais de uma cor
Na sua triste face,
Ninguém percebia o disfarce:
Aquele homem-menino de alma colorida
Que, no palco desta vida,
Não recebia, dava amor.
Fez tanta gente sorrir,
Quando ele mesmo chorou.

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