Fiquei sabendo que um
poeta mineiro que eu não conhecia, chamado Emilio Moura, teria completado 100
anos neste mês de agosto, caso vivo fosse. Era amigo de outro grande poeta,
Drummond. Chegaram a mim alguns versos dele, e um em especial me chamou a atenção:
"Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive".
Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que
sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por
termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por
quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de
ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e
silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos
os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as
horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente
conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos
compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de
nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as
quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso:
se iludindo menos e vivendo mais.
Publicado
pela autora no site Almas Gêmeas 20 de agosto de 2002
*"Deixem
Drummond em paz
O texto é atribuído a Carlos Drummond de Andrade e ao Desconhecido. É mais um
Frankstein. O original é de autoria da Musa do Autor Desconhecido, nossa amiga
Martha Medeiros, que deve ter colado chiclete na cruz ou servido ki-suco na
Santa Ceia. No texto que recebi por email, existem alguns enxertos, frases
traduzidas que alguém achou que cairiam bem para "completar" a idéia.
Comeram o título, tiraram boa parte do primeiro parágrafo. Foi crime
premeditado. Não entendo por que essas pessoas não escrevem seus próprios
textos ao invés de sair por aí alterando o texto dos outros."
Desvendado
por Vanessa Lampert
...Veja o relato completo das manipulações de textos nesse curioso e inteligente blog:
http://www.autordesconhecido.blogger.com.br/2006_07_01_archive.html
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