Das Vantagens de Ser Bobo (Clarice Lispector)

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  O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea o...

Le Petit Poème Coquin (Parole: Emanuel Galvão / Traduction : Joseli Rêgo Lopes)



Le Petit Poème Coquin 

Je cherchais La poèsie
Mais elle est allée jouer dans mon enfance
Elle a joué le toupie dans mon clos
Alors  je suis allé a la lumière
De mon clos.

Mais la poèsie coquine
Elle a  volé tout ensemble a une cerf-volant et a  porté avec elle
La parole – matière première - 
Je ne comprenais pas pourquoi cette poésie- là était grande
Et la mienne était petite
J ‘ai bandé mes yeux et j ‘ai joué à la collin-maillard
Parce que si je sentais la parole, la rime
Je la prendrais tout de suite
Mais la poèsie coquine
Bien caché chez-moi
Apportais les bruits de son attente
-         Pour moi, ce n’est pas facile la trouver
Ni la séduire, ni la captiver -
Je l’ai cherché
Mais elle a eu jouer à cache-cache
Et je ne l’ai pas trouvé.

Copyright © 2015 by Parole: Emanuel Galvão / Traduction : Joseli Rêgo Lopes
All rights reserved.

Poeminha Traquino

Eu procurei a poesia
E tinha ela ido brincar na minha infância
Tinha ido soltar pião no quintal
Dirigi-me então para a claridade
Do quintal

Mas a poesia travessa
Levantou voo com a pipa e levou consigo
A palavra - matéria-prima -
Não compreendia porque era grande
E minha poesia era pequena
Vendei meus olhos brincando de cabra-cega
Para quando sentisse o verbete, a rima
A pegasse no repente, de repente
Mas a poesia traquina
Escondida na parte mais pura
De minha casa
Trazia os sons de sua espera
- Não me é fácil achá-la
Seduzi-la, cativá-la -
Eu procurei,
Mas ela foi brincar de se esconder
E eu não a encontrei.


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