Das Vantagens de Ser Bobo (Clarice Lispector)

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  O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea o...

Derradeiro ‘AU REVOIR’ (Paulo Miranda Barreto)



No dia em que os anjos caírem em si
(algum tempo antes de Jesus voltar)
já haverei de estar com Salvador Dali
a ler Baudelaire nos jardins de Alá. . .

Não há inferno aqui . . .  nem acolá!
E ‘fogo eterno’ é o meu (anote aí)!
No Além, sei muito bem que mal não há
E eu lá, só vou colher o que escolhi. . .

Do amor que dei dos versos que escrevi
da paz que semeei .  . . farei um chá
e brindarei á tudo o que vivi
junto dos meus (e Deus nos louvará)

De quem ficar não sei o que será. . .
Talvez o mundo acabe em frenesi. . .
Quem sabe continue como está. . .
Ou mude pra melhor (como eu previ)!

Só sei que nada sei . . .  mas, e daí?
Se um dia saberei . . .  quem saberá?
Quem sabe eu já sabia e me esqueci. . .
(Acho que eu sempre soube) . . . E quem dirá

se era verdade tudo o que  menti 
se era mentira o que  fingi jurar
ou se o que  não jurei e nem fingi 
alguém jurou, fingiu no meu lugar?

Os erros (que jamais admiti)
já corrigi . . . não tenho o que pagar
E os dons que nunca pude revelar
em ‘finas poesias’ diluí. . .

Eu vim, vi e venci . . . Daqui pra lá
me  vou sem blá blá blá nem mimimi. . .
Só deixarei saudade . . . c’est la vie!
E os meus poemas, quem viver, lerá!



PAULO MIRANDA BARRETO
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