Das Vantagens de Ser Bobo (Clarice Lispector)

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  O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea o

'Comprometa-se Com a Felicidade' (Marla de Queiroz)


A vida não é fácil. Ninguém nos garantiu que seria. Viver exige esforço, gratidão e autoconhecimento para ser mais leve. Autopiedade não tira ninguém da tristeza. A culpa e o arrependimento não mudam o passado. O que pode ser feito daqui para frente é onde mora o crescimento. Sofrimentos podem ser grandes ensinamentos e não motivos para lamentações infindáveis. Ter pena de si mesmo é um grande autodesprezo porque não temos pena de quem admiramos. A solitude é saudável. A solidão vicia e só nos invade quando não somos solidários. Pedir ajuda é um ato de humildade, mas não espere que o Outro resolva as coisas para você: até para levantar da cama diariamente, é necessário um esforço próprio. Temos em nossas mãos o poder da superação, do renascimento. A ansiedade nos deixa preocupados, a ação nos ocupa e nos faz produtivos. E o amor, este precisa alcançar dimensões muito maiores, começando por incluir nós mesmos através do perdão. Quando não estamos nos gostando, estamos agindo destrutivamente e cavando o nosso próprio desconforto. Ninguém é responsável por isto. Uma relação afetiva pode ser a experiência mais bonita ou a mais nociva. Tudo depende dos valores que desenvolvemos e das coisas que acreditamos merecer. Não aceite menos do que você merece: sinceridade, cuidado, carinho, paciência, compreensão, credibilidade, apoio, amor. Preserve-se, mas aceite as mudanças com a curiosidade que as crianças têm: confiando na vida, no mundo, nas pessoas e na sua BOA SORTE. Nada e ninguém têm o poder de te ferir, além de você mesmo. Comprometa-se com a felicidade: ela orientará o seu coração.

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